Meus amigos são tudo de bom. Vira e mexe alguém me cutuca para ler e comentar, aqui no blog, esse ou aquele artigo. Dessa vez foi Lucila Soares, amiga-de-fé-irmã-camarada.

“Já leu o artigo do Lula sobre a COP hoje?”
Eu não tinha lido. Mas, sou boba de não considerar um cutucão desses, vindo de pessoa tão antenada? Claro que ela tinha toda razão. Texto lúcido, explicativo, diferentemente de tantos outros, sobre o tema, que acabam se emaranhando em siglas e imbricando os leitores, com explicações muitas vezes que só interessam mesmo aos estudiosos do tema.
Lula foi certeiro. Falou sobre a posição do Brasil, que chega à COP com a desenvoltura de quem está fazendo a sua parte. Mesmo que, infelizmente segundo o último relatório do Pnuma (agência da ONU que cuida do meio ambiente), no total, o mundo não caminhe para o que se determina como gol de placa: aquecer não mais do que 2 graus até o fim do século. Se tudo continuar como está, dizem os pesquisadores, vamos aquecer até 2.8 graus. E isso não é pouco, gente. Tenho aqui na estante o livro de Mark Lynas – “Seis Graus”, ed. Zahar – que explica o que pode acontecer com cada bioma caso o mundo aqueça 1, 2, 3, até seis graus. Vamos tomar 2.8 por 3, certo? Vejam o que ele preconiza para a Amazônia, neste caso:
“A comparação mais próxima pode ser com os incêndios que se alastraram em 1998 por toda a Indonésia, encobrindo durante meses vários países com uma fumaça sufocante… Nascerá uma nova e irreconhecível paisagem. A poeira se aglomerará nos ocos dos restos carbonizados das árvores. Mais perto do chão, um suave silvado começará a se ouvir: são as dunas de areia erguendo-se. O deserto chegou”.
Mas o Brasil está derrotando um dos grandes males, o desmatamento, para tentar evitar chegar a esse caos. E isso é muito bom para nós, mas também para tentar manter a biodiversidade. Somos essenciais, os humanos, mas não podemos nos esquecer que não vivemos aqui sozinhos e precisamos da vida de outros seres para nos mantermos vivos.
E Lula segue, com a postura de quem está cumprindo o dever, como cutucador oficial. “A cada Conferência do Clima, ouvimos muitas promessas, mas poucos compromissos efetivos. A época das cartas de boas intenções se esgotou: é chegada a hora dos planos de ação.”
Por isso mesmo, ele dá à Conferência a alcunha de COP da verdade. Que seja.
Mas o momento mais sensível do artigo, para mim, é aquele em que Lula é Lula, ou seja, o líder que sempre põe na mesa para debate, seja em que canto do mundo for, uma questão crucial: o combate à fome e à miséria: Escreve Lula:
“Não podemos esquecer que 2 bilhões de pessoas não têm acesso à tecnologia e combustíveis limpos para cozinhar; 673 milhões de pessoas ainda vivem com fome no mundo. Em resposta a isso, lançaremos, em Belém, uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima. É essencial que o compromisso da luta contra o aquecimento global esteja diretamente relacionado ao combate à fome.”
Pronto. Se me permitem, vou ampliar a alcunha: será a COP da Verdade, em combate à fome e aos miseráveis. Assim fica melhor.
Vou tentar trazer notícias aqui para o(a)s leitore(a)s durante esse tempo. Não estou em Belém, mas estou com as antenas todas ligadas no que acontece. E podem me cutucar!