A forte onda de calor que atingiu o Brasil nas duas últimas semanas de inverno impulsionou ainda mais a preocupação crescente com as questões climáticas. Cientistas que há décadas vêm alertando para o fato de que os eventos extremos ficarão cada vez mais intensos, estão sendo chamados para explicar o fenômeno. Na fala da maioria, o que se constata é que o previsível chegou mais cedo do que o esperado.

As atenções, em geral, se voltam para as florestas tropicais, para o desmatamento que precisa ser estancado antes que seja tarde demais. No entanto, é nas cidades que as pessoas sentem o impacto direto das mudanças do clima. É nos aglomerados urbanos que furacões, ciclones, ondas de calor ou frio excessivo causam mortes, ferimentos ou desabrigam pessoas.
Atualmente, 56% dos habitantes do planeta moram em cidades, e esta porcentagem vai subir para 68% em 2050, segundo dados da ONU. Essa rápida urbanização torna urgente o debate sobre uma gestão eficaz dos grandes centros urbanos, no intuito de alcançar um desenvolvimento que proporcione bem-estar às pessoas. É sobre qualidade de vida que estamos falando.
Água e energia são os maiores desafios, já que precisamos desses dois insumos para garantir qualidade de vida e, ao mesmo tempo, é preciso assegurar a sustentabilidade de seu uso. As emissões de carbono, que contribuem para o aumento da poluição e do aquecimento global, são mais aceleradas nos grandes centros urbanos.
É preciso mudar hábitos e costumes para tentar estagnar o avanço dos eventos extremos. Só para citar um exemplo recente, o ciclone extratropical que devastou o Rio Grande do Sul em setembro causou 48 mortes, deixou milhares desabrigados e, segundo estimativa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), um prejuízo financeiro foi de R$ 1,3 bilhão.
Estamos, portanto, no melhor momento para encontros como o que vai acontecer nos dias 17 e 18 de outubro, para o qual eu fui convidada, o seminário Cidades Verdes, que está em seu décimo-primeiro ano de vida. Nos dois dias haverá debates que, se não apresentarem soluções, ao menos acenderão luzes para ampliar reflexões. É disso que estamos precisando, não de guerras. Temas como, por exemplo, a ascendência do Hidrogênio Verde, que surge como uma espécie de bala de prata para livrar-nos dos combustíveis fósseis.
Recentemente, a União Europeia sinalizou com um investimento de 2 bilhões de Euros (R$ 10,5 bilhões) para produção do Hidrogênio Verde no Brasil, o que nos deixa também com a responsabilidade de saber usar esse investimento da melhor maneira possível. Fato é que o Nordeste brasileiro parte como um potencial núcleo de produção, e no Ceará já se projeta um investimento, junto com a iniciativa privada, de mais de 5,4 bilhões na construção de uma usina de hidrogênio verde, que pode produzir mais de 600 mil toneladas dessa fonte de energia.
Será mesmo o Hidrogênio Verde o pulo do gato do qual necessitamos para sair da dependência dos combustíveis fósseis? O fato de ser necessário água para a produção do HV não nos põe também numa situação difícil por conta de eventuais secas?
Como vocês podem ver, o debate vai ser rico. E o evento é gratuito, no Centro de Convenções da Firjan. O público vai ser convidado a fazer perguntas, o que é muito importante. Estarei lá, fazendo a mediação de duas mesas. Para se inscrever, é só clicar: https://www.inscricoescidadesverdes.eco.br/